Perdemos tanto tempo com o que não interessa, com o que nada traz de útil. Uma dessas perdas de tempo é a preocupação com a possibilidade de não agradarmos alguém. Como se fosse possível conseguir ser unanimidade. Como se pudéssemos agir de uma maneira que não desagradasse ninguém.
Na verdade, cada pessoa tem a própria forma de reagir ao que lhe acontece, de acordo com o que acumulou dentro de si com as experiências de vida que passou. Cada pessoa, por isso mesmo, é única e terá opiniões próprias a respeito da vida e das pessoas ao seu redor. Um mesmo acontecimento pode refletir de inúmeras maneiras na vida de indivíduos diversos. O que, para uns, pode ser traumatizante, para outros pode ser irrelevante.
E isso pode ser exemplificado nas famílias, cujos filhos crescem diferentes uns dos outros, mesmo passando pelas mesmas experiências. Os sentimentos das pessoas também costumam lidar de uma forma peculiar com o que vem lá de fora. Não podemos, por isso, exigir que o outro se sinta exatamente como nós frente aos acontecimentos. O outro não reagirá como você. O outro não pensará como você. O outro não gostará das mesmas coisas que você.
Com isso, torna-se claro o quanto é inútil ficar analisando a forma como as pessoas reagem ao que somos. Logicamente, não poderemos agir sempre como quisermos, nem falar tudo o que pensamos, afinal, enxergar o próximo é necessário à convivência. Porém, ficarmos cheios de neuras, pensando se fulano gosta de nós, se sicrano entendeu o que falamos, se beltrano está diferente conosco, apenas nos tirará a paz.
Mais útil do que se preocupar com quem não gosta de você é ficar atento com quem fala que gosta, mas finge. Tem gente que é dissimulada e se aproxima para conseguir armas para nos derrubar. Eu não esquento a cabeça com quem não gosta de mim. Fico é esperto com as pessoas que dizem gostar de mim, porque sei que, dentre elas, algumas fingem o que não sentem. Nada pior do que falsos amigos.
Imagem: KE ATLAS