A gente quer tudo para ontem, quer que a vida dê certo todos os dias, que nossos desejos se realizem, que o amor dure para sempre. A gente quer ser feliz, porém, muitas vezes, pelos motivos errados, porque um tanto de coisas a vida se encarregará de explicar somente com a passagem do tempo. E, por acaso, quem tem tempo hoje?
Antigamente, éramos obrigados a ter paciência com a passagem do tempo, porque as coisas demoravam mais e também duravam muito. Só víamos as fotos prontas depois de aguardar pela sua revelação, que levava dias. Ficávamos aguardando nossas músicas preferidas tocarem nas rádios. Ansiávamos pelo aniversário e pelo Natal, para ganharmos um brinquedo novo. Roupas duravam e usávamos peças que tinham sido de nossos irmãos mais velhos.
Conhecíamos vários móveis e louças que nossos pais tinham ganhado de casamento. Aprendíamos a andar de bicicleta naquela que já tinha passado por algumas gerações da família. Mensagens com quem estava longe, só pelo correio. Ver nossos avós que moravam em outra cidade, somente em datas especiais. Nossos pais só souberam se teriam um filho ou uma filha na hora do nascimento. Nossos pais, pasmem, criaram seus filhos sem celulares.
Hoje, tudo se encontra ali bem na nossa frente e não temos que esperar muito para obter os objetos de nossos desejos, caso tenhamos grana – ou crédito – para isso. Porém, estamos cada vez menos tolerantes com o que não dá certo, com o que não vem ao encontro de nossas vontades, sem paciência para nada. E muitas coisas demandam tempo, muito tempo, porque é na espera que nossos sentimentos vão se acomodando. É na espera que compreendemos o que deve ser aceito, o que deve ser superado.
Não é fácil, mas um dos maiores favores que poderemos fazer a nós mesmos é saber aguardar a passagem do tempo. Ele é nosso melhor amigo, nunca mentirá para nós, muito pelo contrário: o tempo sempre acaba por nos mostrar as verdades, fortalecer sentimentos, enfraquecer o que não deve ficar e por nos ensinar que tudo tem seu tempo. Até mesmo a tristeza. Até mesmo a felicidade.
*O título desse artigo é uma citação de Rousseau
Imagem: Toa Heftiba