Em um mundo de aparências, como o nosso, fica difícil saber em quem confiar de verdade. Esse contexto de futilidades forma um terreno propício para que as relações interesseiras proliferem. Status, fama, popularidade, beleza física, tudo isso é superestimado e buscado nos relacionamentos, em detrimento do amor, da lealdade e do companheirismo.

 

Nessa época de descarte de coisas, pessoas e sentimentos, pouco se luta na manutenção de um relacionamento. Ao primeiro sinal de contrariedade, separa-se, perde-se a amizade. O tempo é célere, tudo tem urgência, ou seja, não se encontra mais tempo para sentar e resolver as coisas. Não podemos perder tempo, as tarefas de trabalho nos consomem, as postagens nas redes não podem esperar, a academia, o instagram, as séries, a novela, a estética, são muitos compromissos.

 

Não temos espaço na agenda para os sentimentos, para o café em família, para ouvir o colega, para escutar o nosso coração. Infelizmente, essa correria robótica nos esvazia de afetividade. E, nessa toada, o que é superficial impera. Daí a irrelevância da honestidade nos espaços ilusórios em que navegamos. Porque ser honesto requer olhar para dentro, saber o que se sente, ser essência, ser de dentro. Mas o que vem de dentro não pode ser postado, ostentado, nem receber curtidas ou viralizar.

 

 

E então a honestidade fica relegada a um segundo plano, porque, antes, é preciso parecer ser aquilo que agrada ao público, comprar o que está em alta, cuidar da imagem lá fora. E é assim que muitos relacionamentos se perdem, nos diálogos que foram negligenciados, nos sentimentos que foram ignorados, nos olhares que ninguém viu. E é assim que a honestidade termina, junto com tudo o que é verdadeiro. Com tudo o que vem de dentro.

 

 

Não podemos deixar de viver o que somos verdadeiramente, ou ninguém mais nos reconhecerá. A honestidade é a base de todo relacionamento, seja de amor, de amizade, de trabalho, seja familiar. Isso traz segurança. Pessoas seguras dão o melhor de si, porque sabem que não usarão suas verdades contra elas. Sem falsidade, não há medo. Tudo fica mais leve.

 

Imagem: Clay Banks