Quando a gente amadurece, a gente vai deixando as birras de lado. Joguinhos não mais nos interessam, pois queremos o que é claro, explícito e verdadeiro. Não cabem mais chantagens, beicinhos, teatros e manhas infantis. Pois é, mas tem gente que não amadurece mesmo.
Para se ter uma ideia do tanto de gente imatura que existe por aí, basta um olhar mais atento pelas redes sociais, em especial nos comentários acerca de assuntos que envolvem política ou religião, por exemplo. Proliferam argumentos rasos, desprovidos de crítica sustentada por embasamento teórico, carregados de juízos de valor e de pessoalidade.
Poucos aceitam o contraditório ou ao menos ignoram o que lhes contraria. Muito pelo contrário, muitos se enraivecem quando são contrariados, feito crianças egoístas, tiranas, que ordenam ao mundo fazer-lhes as vontades, dizer amém ao que falam, fazem e pensam. Ofendem, agridem, humilham quem pensa diferente, como se qualquer um que diz não fosse um inimigo em potencial.
E, logicamente, quem assim se comporta na internet, assim o será em todos os setores de sua vida. Quem não tolera o que vem na contramão de si jamais conseguirá conviver saudavelmente com o outro, uma vez que ninguém consegue concordar em tudo com os outros. Talvez seja essa uma das causas de os relacionamentos durarem tão pouco ultimamente, uma vez que concessões e entendimentos não fazem parte da vida de muitos casais. E, sem isso, não há o que dure.
Imagine ter que se relacionar com alguém que não amadureceu, com alguém que faz birras, que faz chantagens e vive articulando joguinhos para conseguir o que quer, sem nem pensar nos desejos do parceiro. Imagine ter que lidar com uma pessoa que não aceita contrariedade, não suporta negativas, nem se conforma com os nãos que recebe. Imagine ter que ficar usando de estratégias que consigam acalmar os desvarios da pessoa, para que se alcance um pouco de paz. Ninguém merece.
Quem faz joguinhos sempre perde. Quem não aceita ser contrariado vive de ilusões. Quem faz birra passa vergonha. E o outro, mais cedo ou mais tarde, acaba se cansando e procurando um lugar com mais calmaria e verdade, junto a outra pessoa. Às vezes, quem faz ceninha e vai embora para deixar saudade, acaba é deixando espaço para outro ocupar, com maturidade e coerência. Aí já era. E fim.
*O título desse artigo é baseado em citação de David Rodrigues
Imagem: Shamim Nakhaei
As pessoas nos tratam de acordo com o que elas são.