Essa onda de livros e mensagens de autoajuda, de coaches, monitorias, já nos dá uma pista do quanto a humanidade está adoecida emocionalmente. Não é difícil, também, encontrar artigos alertando para o perigo da medicação exagerada e indiscriminada. Na ânsia de não deixar doer, muitas pessoas vão vivendo dopadas, num estado ilusório de calma. Porque a dor continua ali, dentro da gente.
Eu não gosto da tristeza, ninguém gosta. Mas eu aprendi, lendo e experenciando, que repelir, mascarar ou esconder a dor não adianta de nada. Ela está lá, a gente sabe que ela está lá. Bebidas, drogas, dentre outros escapismos, não tiram a dor, apenas tiram você de si mesmo, e por pouco tempo. Daí tem que se dopar de novo e o vício se instala. Não adianta fugir da dor, porque ela está com a gente e ninguém foge de si mesmo.
Precisamos entender o porquê de estar doendo, para conseguirmos encontrar meios de combater a tristeza com eficácia. Li em várias fontes que a tristeza não é de todo ruim, ela nos ajuda a crescer e a lidar com o que não dá certo, quando nos permitimos ficar triste. E procurar ajuda nesses momentos é essencial, pois o olhar de fora costuma ser bem mais ponderado e racional do que o olhar de quem está sofrendo.
A tristeza, muitas vezes, vem de fora, vem do outro. A gente se relaciona, cria expectativas, sonhos e, de repente, acontece o contrário. Isso é ainda mais comum quando colocamos a nossa felicidade nas mãos dos outros, o que é fatal. O outro sairá do nosso controle e a felicidade acabará indo junto. A gente não controla ninguém, por isso é que podemos nos machucar pelo que não depende da gente.
Não se culpe quando a dor chegar e nem quando alguém te ferir. Eu não acho que as pessoas nos tratam conforme a gente permite. Na verdade, elas agem de acordo com o que possuem dentro de si, elas dão o que têm. Você pode tentar impor limites, indignar-se, desenhar, nada freia o comportamento de quem não enxerga além do próprio umbigo.
Imagem: Tania Eisenstein