Ninguém consegue ser bom o tempo todo, falar com doçura, sorrir com verdade. Somos humanos e, portanto passíveis de erros e vacilos, somos seres em construção diária. Inevitavelmente, uma ou outra hora, erraremos, magoaremos alguém, falaremos o que não deveríamos. Reconhecer isso e tentar melhorar é o que nos resta.

 

O que importa, na verdade, é termos consciência do que fizemos, dissemos, da forma como atingimos as vidas das outras pessoas. Não poderemos sair por aí fazendo o que quisermos, tentando tão somente atingir nossos objetivos, sem enxergar as pessoas ao nosso redor e seus sentimentos. Não poderemos nos isentar de qualquer responsabilidade sobre quem caminha conosco.

 

Conviver requer olhar para além de si mesmo, para que nosso comportamento se adeque a uma postura minimamente empática. Tentar entender as dores alheias, a maneira como recebem o que ofertamos, o modo como somos vistos, tudo isso nos ajudará a nos tornarmos alguém mais humano e digno. A escuta e o olhar não podem apenas estar voltados para nosso mundinho. Lá fora tem mais gente, tem mais sentimentos, tem outros mundos.

 

 

Isso não quer dizer que devemos agir de acordo com o que os outros querem ou esperam, mas sim que nossa autenticidade não deve passar por cima de ninguém, caso estejamos machucando quem não merece. Sempre haverá quem criticará, quem desabonará nossas condutas, simplesmente porque muitas pessoas estão vazias e se preenchem com as vidas alheias. Identificar os julgadores de plantão que apontam os dedos, sentados sobre os próprios erros, será providencial em nossa jornada.

 

Isso porque assim seremos capazes de continuar caminhando com nossas verdades, sem dúvidas quanto ao nosso direito de ser feliz. Teremos a certeza de que estamos no caminho certo, a despeito dos julgadores de plantão. Portanto, fuja de quem se faz de desentendido e esquece o mal que fez, mas se lembra do pecado de todo mundo. Amnésia seletiva. Mantenha muita distância. Léguas.

 

Imagem: Dmitry Schemelev