Muitas coisas boas nos acontecem com a maturidade, dentre elas, o desapego. A gente para de ficar superdimensionando pequenezas, futilidades, sentimentos, acontecimentos, pessoas. A gente olha para trás e pensa: “mas como é que eu pude ser tão bobo?”. Quanto sofrimento em vão, quantas preocupações inúteis, quantas horas perdidas por nada.
É claro que, para eu chegar onde estou e ter essa clareza de pensamento, eu tive que passar por muitas experiências carregadas de imaturidade. Todo mundo tem. Parece que, quando a gente é jovem, tudo tem mais pressa, mais urgência, os sentimentos parecem mais intensos. A gente coloca nos outros muitas expectativas e, obviamente, a gente quebra a cara frequentemente.
Na fase da adolescência, quando queremos ser aceitos pelo grupo, tomamos péssimas decisões. Queremos ser amigos do fulano, andar com sicrano, queremos fazer parte daquela turminha descolada, e também acaba dando muita relevância para as opiniões alheias. A insegurança com a própria imagem, nessa época da vida, deixa a gente meio refém do que os outros pensam, falam. Faz parte, infelizmente.
E, à medida que vamos amadurecendo, a vida vai se tornando cada vez mais leve, porque a gente vai percebendo que a maioria das pessoas não se importam, querem apenas se informar. Que não dá para querer fugir daquilo que está dentro de nós. Que ser autêntico é o melhor favor que fazemos a nós mesmos e às pessoas que realmente importam. Que a família é preciosa e amigo de verdade são poucos.
A gente, enfim, acaba se libertando. Que delícia ser livre, verdadeiro e viver as próprias verdades, sem machucar ninguém, sem se machucar. É por isso que as pessoas livres são encantadoras, simplesmente porque elas já entenderam algo que a maioria não entende: ninguém tem nada a ver com a sua vida. E quem entende isso entendeu tudo.
Imagem: Peter Conlan