As pessoas estão tão voltadas para si, que se comportam como selfies ambulantes, visto se sentirem o centro do universo. Esquecem-se, assim, de olhar para o lado, não enxergando ninguém mais a não ser a imagem muitas vezes distorcida que possuem de si mesmas. Com isso, não estão nem um pouco preocupadas com os sentimentos alheios e não conseguem perceber quando estão sendo incômodas e chatas.
Deixam o cachorro latir por horas no quintal, como se os vizinhos fossem surdos. Jogam lixos nos terrenos que encontram, como se não houvesse alguém pagando impostos por aquela propriedade. Não permitem que ninguém sofra mais do que elas, não suportam ver alguém pensando diferente e não aceitam a possibilidade de não estarem agradando.
Por isso é que assistimos a tantos crimes passionais proliferando por aí, afinal, muitos indivíduos não conseguem conceber a ideia de que alguém poderá deixar de amá-los, não se importando com ninguém mais, apenas com a dor que sente. Nem param para refletir que o ex possui família, amigos, e exterminam a causa de sua frustração sem titubear, uma vez que somente a própria vida tem algum valor.
Na verdade, quem só pensa em si mesmo, quem passa o tempo todo olhando para a própria imagem, jamais terá tempo de olhar para alguém, pois sempre estará preocupado em satisfazer o próprio ego. Pessoas assim nunca terão o bom senso de perceber o que os outros esperam delas, por isso é que acabam se tornando chatas, desagradáveis e incômodas. Não se colocam no lugar de ninguém, ou seja, não entendem dos sentimentos que estão lá fora.
Ninguém conseguirá acertar sempre, nem agradar todo mundo. Há momentos que pedem silêncio, outros requerem algumas palavras, sendo que algumas vezes nossa ajuda virá exatamente da nossa ausência. Precisamos aprender a olhar o outro e entender o mínimo de que ele precisa, sem que ele necessite nos dizer claramente. Caso somente estejamos dispostos a suprir as nossas próprias necessidades, estaremos continuamente sendo indesejáveis por muitos. Porque quem só vê a si próprio não se enxerga.
Imagem: Enrique Fernandez