É preciso quilômetros de paciência para surfar pelas redes sociais sem ter vontade de esmurrar a tela do computador ou de jogar o celular bem longe. Outras vezes, dá uma tristeza imensa pelo teor raivoso e preconceituoso que as postagens carregam. A gente se contraria tanto pelas fakenews, quanto pelos comentários vários que destilam ódio e desconhecimento de causa.
Ninguém é dono absoluto de uma verdade absoluta, porém, um mínimo de bom senso deixa qualquer um estupefato com o que vê e lê. Por isso, não deve ser fácil ser alguém conhecido e famoso, afinal, os holofotes podem ser cruéis. Todos erramos, mas, quando uma figura pública comete algum deslize, ela será alvo de toda sorte de impropérios, de julgamentos pesados, mesmo antes de se defender, mesmo sem poder se defender.
Logicamente, quando a pessoa é conhecida do grande público, ela se torna vitrine e o raio de suas ações jamais será igual ao de gente comum. É um dos ônus que o sucesso traz. Mesmo assim, existem indivíduos exageradamente cruéis, incapazes de se colocarem no lugar de ninguém. Julgam, criticam, ridicularizam, destroem a imagem de quem estiver na berlinda, a ponto de qualquer defesa ser impossível.
Ou você está gordo, ou está doente de tão magro. Ou você se veste como um padre, ou é escandaloso. Ou você é calado demais, ou fala sem pensar. Quase ninguém se lembra de elogiar, quase ninguém procura algo de bom, quase ninguém pensa nos sentimentos alheios. Existem, sim, casos que merecem exposição e repulsa, porém, muita gente já sofreu julgamentos injustos, porque ninguém se lembrou de lhe pedir explicação.
A muitos falta voltar os olhos para si mesmos, para as próprias pendências, antes de apontar o dedo ao mundo lá fora. A muitos falta ter a decência de não descontar seus problemas em quem não tem nada a ver com eles. A muitos falta ter conhecimento de fato, antes de comentar sobre um assunto que não domina. A outros tantos, falta enxergar, no espelho, o quanto eles mesmos são chatos. Sem mais.
Imagem: Conor Sexton