Eu me considero uma pessoa boa. Não perfeita, mas boa, porque sei que preciso melhorar bastante em muitos aspectos. Só de eu perceber que tenho muito a melhorar, já é uma qualidade. Sim, porque saber se enxergar cruamente é o início do caminho da enxerga do outro, da empatia. Quando entendemos as nossas limitações, fica mais tranquilo tentarmos entender as limitações dos outros. Saber o nosso lugar é imprescindível para respeitarmos o lugar que não é nosso.
E me refiro à bondade humana, plausível, terrena. Sabe aquele clichê de que ser bom é diferente de ser bonzinho? É assim mesmo. A bondade vem naturalmente, porque é de dentro, vem do coração. As pessoas mais bondosas que conheci não precisavam de expedientes externos para fazer o bem. Não faziam o bem em troca de algo, ou de alguma recompensa dos céus. Apenas faziam. Porque era parte da natureza delas, era espontâneo e sem holofotes.
Minha mãe foi uma das pessoas mais bondosas que conheci, embora eu seja suspeito para dizer isso, afinal, ela é minha referência de mundo, de alma, de tudo. Ela tinha uma fé absurda, aquela fé bonita e pura, que vivia sem usá-la para julgar ou condenar. Fé na concepção mais generosa do amor. A Igreja era parte dela e a acompanhava vida afora. Ela me contava sobre a vida de um Jesus amoroso e acolhedor. Devo a ela minha capacidade de me colocar no lugar do outro. Ternura da minha vida.
Hoje, há muita necessidade de expor tudo nas redes sociais, desde o café da manhã, até o soro no pronto atendimento. Junto vem a necessidade de dar vitrine ao que se faz de bom, a atitudes solidárias e humanitárias. Sim, isso até pode ajudar a motivar as pessoas a fazerem o mesmo, mas, o que vale realmente é o que se pratica e se vive quando ninguém está olhando. Tem gente que faz o bem apenas ao posar para fotos e passa a vida julgando e plantando maldade. Tenho horror.
Mesmo em meio a tanta gente ruim e destilando ódio, escolha ser bom. Não se deixe contaminar pelo veneno alheio. Mantenha sua jornada leve e limpa. Meu pai dizia que ninguém perde por ser bom. Eu sempre me lembro disso quando eu me decepciono com alguém e, assim, deixo a tristeza de lado. As pessoas são o que são. Eu escolho ser bom, para que minha colheita seja toda algodão. Leveza.
Imagem: Irene Strong