Certos finais não são fáceis de serem enfrentados. Uma pessoa querida que se vai, para longe ou para sempre. Um relacionamento que termina. Encontros com as pessoas certas. Momentos, conversas, etapas, trabalhos, turmas, colegas, lugares. Algumas coisas nunca mais voltarão e isso dói.
Parece que tudo o que é bom dura pouco. Ao mesmo tempo, aquilo que não nos traz prazer ou alegria acaba durando uma eternidade. Meia hora se torna algo eterno e sem fim quando é chato, desinteressante. Meia hora se torna um minuto quando estamos nos divertindo. É assim na vida de todo mundo. A gente não quer que acabe o que é bom, o que está gostoso, o que nos faz sorrir com verdade. Mas acaba.
Infelizmente, muitos de nós também temos dificuldades em colocar um fim naquilo que não está mais sendo bom. Talvez por conta de a vida ser imprevisível o tempo todo, a gente quer se agarrar a alguma constância que seja. Porém, às vezes focamos essa constância em algo que já é inconstante, até mesmo inexistente. Tememos, inutilmente, finalizar o que nem é mais nada.
Saber a hora de encerrar ciclos é uma das melhores atitudes que você deve ter. Ciclos terminam. Às vezes com pesar, às vezes com carinho. Pode ser de repente, pode ser aos poucos. Ciclos se encerram. Aproveite cada instante, para que suas memórias sejam seu colo, quando a vida doer. E ela dói. Mas essa dor passa, ao contrário da dor que não termina quando insistimos em permanecer presos e estagnados em ciclos falidos.
Tenha o discernimento de sair de cena quando a cortina já se fechou. É difícil, não tem como negar. Uma das coisas mais difíceis dessa vida é colocar um ponto final. A gente vai usando a conjunção “mas”, o advérbio “talvez”, vários pontos de interrogação, evitando colocar um fim no que já terminou faz tempo. Use o ponto.
Imagem: Kinga Howard